A Netflix é hoje a principal distribuidora de filmes e séries via streaming do mundo, tendo mais de 100 milhões de assinantes ativos.

Mas nem sempre foi assim.

A empresa foi fundada em 1997, e começou com um serviço de entrega de DVDs pelo correio.

Ela ainda não possuía conteúdo próprio na época, seu material era todo terceirizado e seu foco de atuação era somente a distribuição.

A expansão para streaming começou em 2007 nos EUA. Em 2010 e 2011, a Netflix chegou ao Canadá e ao Brasil, respectivamente.

Mesmo após a mudança de segmento, ela ainda investia na distribuição de conteúdos de terceiros. Seu domínio de mercado era grande e seu catálogo contava com as melhores opções de filmes e séries disponíveis no momento.

Possivelmente você deva estar se perguntando: por que a Netflix sentiu necessidade de produzir conteúdos próprios? E o que podemos tirar de lição disso?

Neste artigo, buscamos mostrar como essa plataforma amada por todos os brasileiros, foi se adaptando na medida em que montava sua estratégia de marketing de conteúdo.

Essa é, inclusive, uma das vertentes do marketing que vem cada vez mais tendo relevância nas agências de comunicação.

Contatus Comunicação

Aliados viram Concorrentes

Como já comentamos, a Netflix começou com a distribuição de conteúdos terceirizados de outras empresas.

E o seu grande ponto de virada, que se iniciou como um grande problema, foi que as empresas que ela distribuía filmes e séries começaram a criar os seus próprios serviços de streaming, virando seus concorrentes.

Ela foi perdendo boa parte do seu acervo e procurava maneiras de contornar esse problema.

A HBO, que hoje possui seu streaming próprio, a HBO Go, já esteve presente com suas séries no catálogo da Netflix.

Produção de Conteúdo

Inclusive, em uma de suas produções mais aclamadas pela crítica, Família Soprano, havia uma propaganda da Netflix (veja o vídeo abaixo) junto com um dos personagens principais da série.

Era quase inevitável que isso acontecesse. As empresas produtoras de filmes e séries foram percebendo que se criassem suas próprias plataformas poderiam desbancar a Netflix.

O problema é que identificaram isso tarde demais.

O crescimento da Netflix foi tão grande que agora ela já começaria a produzir os seus próprios conteúdos originais para enfrentar os seus concorrentes, que até um tempo atrás eram seus principais aliados e fonte de receita.

Criando seu Próprio Conteúdo

As outras empresas até começaram a anunciar suas próprias plataformas de streamings, mas demoraram tempo demais.

A Netflix já tinha um market share consolidado e um capital financeiro para investir em produção de conteúdo própria.

O desafio da empresa foi o de entrar em um segmento diferente, produzindo seu próprio conteúdo. Porém, havia essa necessidade e seus diretores enxergavam uma oportunidade de crescimento.

Havia uma pressão grande, a concorrência estava de olho e a Netflix não podia errar.

Em 2013, ela lança uma série política, que viria a ser o grande ponto de partida para suas diversas produções originais, o sucesso de audiência House Of Cards.

Produção de Conteúdo

Na base das tentativas e erros, a Netflix acaba lançando muitos produtos, tanto bons quanto ruins. A empresa foi aprendendo com o tempo e consequentemente o seu material foi melhorando.

Podemos observar que ela não teve medo das críticas, investiu pesado e aguentou o tranco. Algo que todo produtor de conteúdo deveria fazer. Começar e ir aprendendo com os seus erros.

Uma das características mais elogiadas feitas à Netflix foi a independência e liberdade que ela dá para as produções, atraindo muitos produtores, atores e diretores renomados.

Em Hollywood, há uma tradição que quase sempre é criticada: a de que as produções devem adaptar suas linguagens ao estúdio em que elas estão contratadas.

Muitas vezes isso muda a originalidade dos conteúdos e pode fazer com que uma série ou filme fique engessado demais, resultando em algo muito diferente do que realmente era para ser.

A liberdade de produção faz com que os diretores e produtores deem sua linguagem própria, sem interferências externas.

Não que um conteúdo, por ser totalmente original, esteja relacionado com qualidade, mas com certeza está associado à liberdade criativa e à diversidade de características dos produtos Netflix. E sem seguir um padrão imposto por ela.

Conteúdos Segmentados por País

Além de produzir conteúdos próprios, a Netflix agora passa a pesquisar e pensar cada vez mais no seu público.

Começa a segmentar suas produções de acordo com sua audiência, iniciando um processo de criação de conteúdos para o público internacional, inclusive para países nativos da língua inglesa, fora os EUA.

Umas de suas primeiras produções foi a série Norueguesa chamada Lilyhammer. Ela atingiu cerca de 20% da população em audiência, um dos maiores da história do país.

Produção de Conteúdo

A partir daí surgiram diversos novos produtos com esse mesmo posicionamento.

Narcos, que é quase 100% falada em espanhol e fez sucesso no mundo todo.

La Casa de Papel, série espanhola muito reconhecida também no Brasil.

O Mecanismo, que é 100% em português e uma produção brasileira.

Derry Girls, original da Irlanda do Norte.

E também o filme mexicano Roma, indicado ao Oscar de melhor filme.

Isso citando só alguns.

Enfim, vemos que a Netflix não tem restrição quanto a línguas e países. Ela só quer produzir o melhor conteúdo e o que mais agrada ao seu público.

Essa diversificação fez o streaming crescer cada vez mais, abrangendo seu público para o mundo todo e construindo uma gigante base de fãs fiéis.

Lançamentos de Conteúdo

A empresa também ficou conhecida por uma certa “inovação” na hora de disponibilizar seus produtos na plataforma, principalmente relacionado às suas séries.

Os outros streamings concorrentes, normalmente disponibilizam os conteúdos aos poucos.

Isso ocorre por que elas são derivadas de canais televisivos e seguem uma fórmula para prender a audiência. Postam, muitas vezes, um episódio por semana, gerando expectativa em seu público. Em alguns casos, se a série for muito grande dividem os primeiros episódios para o começo do ano e lançam o restante no final.

A Netflix usou essa mesma técnica na série Better Call Saul, que fez muito sucesso.

Produção de Conteúdo

Mas na grande maioria das vezes (praticamente sempre) os episódios da Netflix são disponibilizados todos de uma vez, fato que ocorre por ela não ter compromisso com canais televisivos, voltando o seu foco exclusivamente na produção e distribuição completa do conteúdo para o seu público.

Ela procura não frustrar seus assinantes. Se você quer assistir, você vai ter o conteúdo completo.

Isso tudo faz parte, mais uma vez, da estratégia da empresa.

A HBO disponibiliza um episódio por semana de uma série, e você pode demorar meses para terminar de assistir, dependendo do total de episódios.

Já na Netflix você irá decidir em quanto tempo quer consumir a sua série.

Produzir conteúdo por produzir, é com certeza, a maneira errada. O importante é ter sempre uma estratégia em mente desde o começo, para todas as etapas:

– Pesquisa

– Segmentação

– Roteirização

– Pré-produção (planejamento)

– Produção

– Pós-produção (revisão)

– Finalização (acabamentos finais)

– Distribuição

– Forma de distribuição

– Divulgação (marketing e publicidade)

Crescimento e Desenvolvimento

O streaming não para de crescer. Suas produções vão ficando cada vez mais caras e de qualidade, já conseguindo atingir níveis “hollywoodianos” e indicações para Emmy e Oscar.

Há também a melhora na qualidade das imagens dos seus produtos. A Netflix utiliza tecnologia avançada e conquista visuais semelhantes ou superiores às melhores TVs do mercado.

Essa melhora de imagem vai de produções novas até as mais antigas, com uso de tecnologia para remasterização.

Outro grande objetivo de expansão é transformar o seu acervo em 50% de produtos originais Netflix. Um desafio e tanto.

Os concorrentes tem criado suas próprias plataformas de streaming e, automaticamente, vêm tirando materiais importantes do seu catálogo.

A empresa parece não se importar com isso, já possuindo diversas produções em andamento e novos projetos. Ela quer mostrar para todos que é a melhor produtora de conteúdos em streaming do planeta.

Produção de Conteúdo (Lições Tiradas)

Produção de Conteúdo

Para quem produz conteúdo ou quer começar a produzir, o case da Netflix pode servir como inspiração.

Os pontos mais importantes das ações estratégicas que a tornaram uma das maiores produtoras de conteúdo do mundo foram:

> Mudança de Segmento

Talvez nós nem estivéssemos falando dela nesse momento se a decisão de se tornar um streaming não tivesse sido tomada.

O sucesso não acomodou a empresa. O negócio de entrega de DVDs estava indo bem, mas ela percebeu a necessidade de mudança e agiu rápido.

No Brasil, percebemos a quase extinção das locadoras de DVDs.

As pessoas passaram a consumir os produtos de forma online ou digital diretamente das próprias televisões ou com aparelhos eletrônicos, perdendo o sentido do consumo de produtos físicos.

Muitas empresas se apegam a seu produto e não acompanham as evoluções, principalmente na área da tecnologia.

Quem tem essa percepção mais rápida sai em vantagem diante da concorrência.

> Produção de Conteúdo Próprio

Quando empresas produtoras de filmes e séries começaram a se movimentar para criar os seus próprios streamings, a Netflix decidiu investir em conteúdos originais.

Mais uma vez ela teve uma percepção rápida. Expandiu sua área de atuação e combateu uma possível crise diante de perdas importantes do material de seu acervo.

Lançou produtos próprios de qualidade e ganhou seguidores fiéis.

> Expansão de Mercado

Além do mercado americano, que ela já tinha um público preestabelecido, o foco no mercado internacional fez com que a empresa se tornasse uma potência mundialmente conhecida e admirada.

Essa saída da sua zona de conforto foi o grande diferencial da Netflix.

Ela explorou outros públicos e focou em fazer produtos de qualidade para eles.

O que talvez a tenha surpreendido foi o fato de que produtos focados em alguns países acabaram sendo sucesso no mundo todo, fazendo com que ela investisse cada vez mais nesses tipos de produções.

Logo percebeu que existe qualidade também fora dos EUA.

> Distribuição de Conteúdo

O lançamento completo de seus produtos foi uma marca da Netflix.

Enquanto outras empresas dividiam seus conteúdos em semanas ou até em um ano, ela disponibilizava por completo na data e hora marcadas para o lançamento.

Essa estratégia fez com que o Hype (assunto que está “dando o que falar”) de seus produtos passassem a ser muito mais rápido, pois as avaliações críticas eram feitas à medida que uma pessoa terminasse de assistir a qualquer uma das novas produções.

Por exemplo: uma série televisiva de 10 episódios com duração de 55 minutos, se fosse distribuída com 1 capítulo semanal demoraria mais de 2 meses para ser assistida. Já na Netflix, com o conteúdo todo à disposição, pode ser vista em 2,3 ou até em 1 dia, dependendo da disposição e disponibilidade de cada pessoa.

A Netflix focou em gerar a expectativa de suas produções, antes do lançamento.

Quando lança algo, o intuito é causar um impacto imediato nas pessoas. Sem enrolação e com o Hype lá em cima, seja ele bom ou ruim.

> Melhora na Qualidade

Foi um processo natural. À medida que o sucesso aumentou e o número de assinantes subiu, o orçamento também cresceu.

Ela sempre busca o reinvestimento em qualidade, tudo para gerar a melhor experiência para seus clientes.

Essa melhora vem fazendo com que diretores, produtores e atores procurem a empresa, pois enxergam nela uma oportunidade de liberdade criativa.

Como dá autonomia para os profissionais trabalharem, seus produtos acabam se tornando únicos e trazem a identidade de quem os criou e trabalhou com ele.

Seus conteúdos produzidos são literalmente “originais”, levados ao pé da letra.

Contatus Comunicação

Conclusão

Cases como esse são raros. Sabemos que empresas como a Netflix não são encontradas em qualquer esquina.

Mas ela nos ensina muito sobre estratégias focadas em marketing de conteúdo.

Para quem quer começar a desenvolver conteúdo próprios ou melhorar algo que já faz, esse case se torna essencial.

É incrível ver como a empresa foi tão visionária a ponto de escapar de uma possível crise sem precedentes ou até uma falência ao mudar o seu nicho de atuação.

A grande lição do case Netflix: A importância de escolher o nicho certo para sua empresa, de mudá-lo se não estiver dando resultado, de se adaptar à concorrência e buscar novas alternativas para seu negócio.

Conhece outros cases semelhantes? Diga nos comentários o que achou do case Netflix.

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Tiago Valente Theodoro

Tiago Valente Theodoro

Equipe de Marketing Digital da Contatus Comunicação


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